27 fevereiro, 2010

Um texto recebido...

Queridos (as),
faz algum tempo que recebi o texto que agora publico. Fui ao Google (salvador da pátria) para obter informações sobre a autora. Eu modifiquei a apresentação (layout), retirando as ilustrações. Aqui tem o texto lindamente ilustrado por Ziraldo. Vale a pena ver.
É provavel que já tenham lido, mas, repetir o que nos faz refletir, com humor gostoso, divertido, inteligente...nunca é demais, concordam?
Então aí vai...
de Marisa Prado

                 OLHA O OLHO DA MENINA
Menina crescia escutando que não adiantava mentir porque mãe sempre sabia
Mãe dizia que lia na testa da Menina, e que testa só Mãe sabia ler.
Menina tentava tapar a testa com a mão na hora de mentir.
Mãe achava graça. Muita graça. E continuava lendo assim mesmo.
Menina precisava entender como essa coisa misteriosa acontecia.
No espelho do banheiro, mentia muito em silêncio. E na testa, nada escrito!
Aí, Menina descobriu que Mãe também mentia. E que então não era testa
- era o olho, com um brilho diferente - que entregava a mentira.
Menina então tentava fechar o olho com força, para esconder a Mentira.
Mas nem isso resolvia, pois Mãe sempre adivinhava.
Menina tinha era que aprender a fingir de olho aberto que mentira era verdade.
Menina tentou, tentou...e aprendeu.
Era essa a solução.
Mas de noite Menina ficava apertada por dentro.
Assim meio sufocada, não podia nem piscar.
Com o olho muito aberto, não conseguia dormir.
Faltava ar pra Menina. Igual quando a gente fica quase sem respirar rindo de uma cosquinha.
Só que não tinha graça.
Menina - sem querer - tinha descoberto a Consciência,
uma coisa que toma conta da gente mesmo quando Mãe não está lendo testa, nem adivinhando olho.
Menina tinha aprendido que ter que fingir doía.
E que desse jeito ia ficar muito sem graça ser gente grande.
Menina desistiu de crescer.
Mas não adiantava.
Menina via que agora já estava quase da altura do móvel da sala da vovó.
E ficava muito triste, o aperto apertando mais.
E de tanto que o aperto apertava, Menina achou que fingir só podia doer tanto porque era dor sozinha.
Menina teve uma idéia, e ainda não sabia se era idéia brilhante.
Mas sabia - isso sim - que precisava testar, pra conseguir descobrir.
A idéia da Menina foi dizer para Mãe que era difícil fingir.
Menina achava ruim aprender montes de coisas sem dividir com ninguém.
Menina falou pra Mãe que era muito complicado e que não era nada bom ter que crescer sozinha.
Mãe abraçou muito apertado a Menina.
E no colo tão esperado Menina estava sendo mãe da Mãe.
Menina sentiu que Mãe estava chorando.
E que Mãe ainda não tinha aprendido tudo.
Mãe não falava nada
Mas uma e outra sabiam naquele abraço apertado que em Mãe também doía ser gente grande sozinha.
Nessa hora Menina entendeu tudinho.
Descobriu que só carinho é que espanta a solidão.
E que dor, se dividida, fica dor menos doída.
E que aí, dá até vontade de continuar a crescer pra descobrir o resto das coisas. 
Marisa Prado


Sonia Rocha - Mercuriana

09 fevereiro, 2010

Mudando a música, muda-se a dança...mudam-se os dançarinos.

Você não mudou...é a mesma pessoa de sempre!
Ouse dizer isso a alguém e espere o resultado.A frase soa como uma acusação.
Vai ser uma “grita” geral. Sim, porque todo mundo acha que muda, e sempre para melhor.
É certo que estamos aqui para evoluir, o que não significa, necessariamente, mudar. É a evolução compulsória. Mas essa questão vai ficar para outra oportunidade.
As mudanças, às quais me refiro são aquelas mais mundanas, que precisamos fazer para uma melhor convivência com o nosso mundo exterior, para aprimorar nossos relacionamentos.
O exemplo mais clássico dessa situação é o casamento.
A noiva detesta mas tolera alguns hábitos do namorado, na esperança que, depois de casado, ele mude. O noivo, por sua vez, pensa a mesma coisa.
Mas as mudanças esperadas não se realizam.
Então começam as acusações e as cobranças.
Em nome da boa convivência, estamos sempre esperando que os outros mudem mas não há nada que nos faça mudar se não admitirmos que estamos errados em nossa maneira de interagir. E reconhecer nossos erros está fora de cogitação. O errado é sempre o outro.
Não nos damos conta que somos imperfeitos e qualquer mudança deve partir do reconhecimento genuíno das nossas falhas.
Quer mudar algo em sua vida? Mude a si mesmo e veja as transformações que isso vai causar ao seu redor.
O quarto do seu filho é uma desordem? Feche a porta e deixe-o viver no caos que produz. Quando ele procurar aquela bermuda que tanto gosta e não encontrar, vai sentir a necessidade de manter suas roupas no lugar.
Seu marido vive pedindo que você leve a cerveja gelada enquanto assiste ao futebol, que diga-se, você não suporta? Experimente dizer a ele que a cerveja acabou e que ele tem de ir comprar. Na próxima ida ao mercado ele vai se lembrar que não teve sua cerveja geladinha e vai tratar de providenciar.
Sua melhor amiga te liga e começa a falar dos próprios problemas sem nem ao menos perguntar se você está ocupada ou disposta a ouvi-la. Diga a ela que ligue mais tarde. É pouco provável, mas possível, que numa próxima vez ela peça licença antes de começar a desfiar o rosário das lamentações.
Claro que você terá de ser firme para conseguir manter sua posição porque vai precisar agir assim muitas vezes, até obter resultados satisfatórios.
Agora a pergunta: “Quem mudou, você ou os outros?”
A resposta é óbvia.
Todos mudaram.
É assim que funciona.
Sem cobrança, sem crítica, sem discussões...
Os exemplos que usei são simbólicos. Retratam mudanças fáceis. A fórmula, porém, se aplica a qualquer situação.
O mais importante é saber que somente a necessidade nos conduz a novos caminhos e os reajustes na rota (leia-se mudanças), devem partir de dentro para fora...
Então...você está preparado (a)?
Sonia Rocha - Mercuriana