13 outubro, 2010

O trote (só para descontrair)

Luiz “ O Pestinha ”,  era a própria reencarnação do  Pimentinha.  Sim, aquele personagem de um gibi, criado no final da década de 40 e transformado em filme  quase 50 anos depois.
Bem, esse era o Luiz  “ O Famoso ”. Seu passatempo preferido era passar trote pelo telefone.
Ligava para os bombeiros gritando “Socorro”. Com sua voz de criança, sempre conseguia seu intento – ser o alvo desconhecido das preocupações alheias.
Um dia, disse para um amiguinho:
- Hoje vou ligar para o Superman. Se você quiser falar com ele, vá à minha casa depois do almoço.
Jr. “ O Amiguinho ”, ficou eufórico. Nem almoçou direito. Saiu da mesa direto para a casa do Luiz “ O Importante”, a quem já idolatrava, mais ainda agora, sabendo que ele era amigo do Superman.
Luiz  “ O Esperto ”,  discou um número qualquer. Do outro lado da linha, uma voz metálica atendeu:
“ Você ligou para a residência de Clark Kent. Não precisa deixar recado. Em minutos ele irá, pessoalmente, ouvir o que você tem a dizer-lhe ”.
Luiz “ O Apavorado”, largou o fone como se fosse um ferro em brasa a queimar-lhe as mãos.
Deu um pulo para trás e correu para a janela, olhando o céu com os olhos arregalados.
Jr “ O Bobinho ”, não entendeu nada. Apenas seguiu seu “herói”, correndo para a outra janela,  olhando fixo para o céu, sem nem mesmo imaginar o que deveria ver.
E assim passaram a tarde...esperando pela visita do Superman... 

Mercuriana - Sonia Rocha

11 outubro, 2010

Solidão e Internet

Há quem diga que a solidão é péssima companhia. Concordo.
Outros acham que a solidão é necessária para crescermos. Concordo.
“Solidão? Não existe. Nunca estamos sós”. Concordo.
“Antes só do que mal acompanhado”. Concordo.
“Antes mal acompanhado do que só”. Concordo.
Blá...blá...blá.... Concordo.
Como podem ver, sou uma pessoa cordata.
Na verdade, aceitar tudo que se fala sobre solidão, me transformou. Hoje tento aceitar a verdade de cada um, sem discordar. Porém, mantenho a minha sob sigilo porque não tenho mais paciência nem vontade de me expor. O que penso, guardo.
Meu sonho acalentado era uma máquina de escrever sobre uma mesa embaixo de uma janela aberta para o oceano. Passaria os dias catando as letras, transformando-as em palavras e costurando idéias.  Olhando a cor do mar para adivinhar a cor do céu. Cinzento, azul, branco, vermelho. Queria criar histórias. Traduzir minhas fantasias em linguagem compreensível.  
A máquina do tempo modificou alguns detalhes. Hoje compartilho todos os meus momentos com  meu editor de texto e com as palavras que digito. Eu, meu teclado, meu monitor e um emaranhado de cabos e fios que teimam em me chamar à razão quando resolvem me desconectar  do mundo lá fora.
É verdade que  conheço uma grande variedade de pessoas através da telinha. Mas, quando o corpo cansado e dolorido por tanto tempo sentada  me faz apertar o botão off, o vazio se instala...e a solidão me invade.
Assim é a Internet.
Um mundo virtual que, raramente nos transporta para um mundo real.
Conheço casos de amizades e amores conquistados e vivenciados a partir de encontros virtuais. Mas é raro, considerando-se a proporção das desilusões. Basta ver sua lista de “amigos”. Com quantos você mantém contato? Veja seu MSN, seu Orkut, seu Badoo, seu Facebook...e outros que eu desconheço...quantas pessoas estão lá e com quantas  você fala ou manda uma mensagem pessoal? Na maioria das vezes, recebe um arquivo repassado, sem nome de destinatário e, quase automaticamente, faz o mesmo, repassando para todos...
Se isso não é solidão...então não sei mais o que é.
Mercuriana - Sonia Rocha