29 julho, 2010

Quando o escuro fica claro

O autor desse texto é Luiz Alca de Sant'ana. Sou sua fã e quero convidar a todos que façam uma visita ao seu site. Tenho certeza que irão gostar. 
  
"Em tudo na vida aos poucos o escuro fica claro. Eis então a arte de viver: o aprendizado de se gastar o tempo de forma inteligente quenos permitindo os esclarecimentos pouco a pouco, captando uma lição especial: o conhecer modifica o conhecido. Aquilo em que pensamos hoje, em nome das alterações circunstanciais, podemos não pensar amanhã. Algo que hoje é ponto fechado, quem sabe, se abrirá numa próxima etapa da jornada. O que parece insolúvel, agora, se resolverá amanhã. Até porque, o homem é sempre maior do que as circunstâncias. Elas passam, ele segue. E quando a gente vai tendo essa noção, sem que com isso nos arrastemos na desilusão e na depressividade, diante de uma perda, de um golpe, de uma separação, de uma injustiça, sabemos que é preciso dar um tempo. Não, necessariamente, para que se volte ao estágio anterior, mas para que venha a compreensãoem alguns casos, retorne a alegria em outros ou se passe a lutar pelo que realmente vale a pena. O problema é que somos apressados, queremos tudo para ontem, forçamos nosso físico, nossa mente e, as vezes, nossa alma a brigar pelo que ainda é nebuloso. Como na natureza, tudo tem seu tempo. Ao encontrarmos uma floresta, em princípio, não captamos seus mistérios; mas, pouco a pouco, vamos descobrindo o que dizem os pássaros em seu canto, a voz do vento e o movimento das folhas nas árvores, assim como todo o traçado do caminho." 

Luiz Alca de Sant'ana  
http://www.luizalca.pro.br/index.php  

postado por Sonia Rocha
 Mercuriana

11 julho, 2010

PRIORIDADES...não deixe o melhor para depois!

Quando você está preparando uma salada de alface, quais folhas você usa primeiro? As de fora ou as de dentro, do miolo? A maioria das pessoas usa primeiro as de fora, retirando aquelas beiradas que já estão se deteriorando, guardando o miolo, para outro dia. E o que acontece? Elas vão ficar como as de fora e você nunca vai saborear as folhas mais tenras e inteiras. Já pensou nisso? O exemplo parece meio bobo, concordo. Mas me ocorreu justamente no momento em que preparava uma saudável e gostosa salada de folhas.
Se prestarmos atenção às nossas atitudes veremos o quanto deixamos o melhor para depois. Isso vale para aquela roupa linda, que compramos na expectativa de uma ocasião especial, a louça mais bonita, os cristais mais finos, guardados para serem usados eventualmente. Há até quem guarde o pedaço mais gostoso do chocolate ou deixe a última fatia do bolo para depois, sufocando a vontade de devorá-los imediatamente. Com nossas emoções, não é diferente.
Quantas vezes deixamos para “amanhã” a satisfação de nossas vontades/necessidades emocionais. Priorizamos o que nos parece ser mais importante e na maioria das vezes temos uma “boa desculpa” para agir assim. Falta de tempo, de dinheiro, trabalho a ser feito, etc..
Na verdade, o que acontece é que somos impelidos às escolhas impostas de fora para dentro. Pense um pouco... O dia está lindo, o sol convida a um passeio, seja à beira mar ou no bosque...a pé ou dando umas pedaladas, e você aí, na frente do computador terminando um trabalho. Será que protelar por apenas uma hora sua atividade à frente da telinha, vai fazer de você alguém que prefere diversão em lugar de dedicação ao trabalho? Será que uma hora de exposição ao sol, à paisagem, não vai te recarregar e te dar maior e melhor disposição para que seu trabalho seja muito mais produtivo?
Parece que não há mais tempo para se namorar, ler um livro, assistir a um filme, brincar com os filhos, levar o cão para passear, fazer absolutamente nada ou, como diz uma amiga, fazer só o que o corpo pedir? As coisas boas acabam ficando sempre para depois.
Você que está lendo esse texto pode estar discordando, dizendo a si mesmo que não é bem assim. Que sai com os amigos, passeia, se diverte...mas será que faz isso porque essa é sua prioridade? Ou faz porque é o que se espera de você? E mais, o que você deixa para depois? Se for o trabalho, sua maior fonte de prazer, que seja. Ou se prefere ficar em casa dormindo, fazendo tricô, cozinhando...que seja. O mais importante é que nossas escolhas sejam conscientes, admitidas e priorizadas.
Além desse blog, tenho outro, onde escrevo sobre Florais de Bach. Recebo diariamente pedidos de ajuda e orientação. São pessoas preocupadas com os mais variados problemas de relacionamentos, financeiros, de saúde, desemprego, etc...e o que percebo é justamente falta de prioridade no que é realmente prioritário - investir na auto-estima. São pessoas que não se priorizam, se deixam ficar sempre para depois. Mas, nossas prioridades devem se basear nas nossas reais possibilidades. Nem sempre o que queremos é o que podemos. Não adianta priorizar o que está fora do nosso alcance.
Deixo uma frase de Aristóteles, para reflexão:

“...IMPOSSIBILIDADES SÃO PREFERÍVEIS ÀS POSSIBILIDADES IMPROVÁVEIS...”

Sonia Rocha - Mercuriana

04 julho, 2010

A DIFÍCIL ARTE DE OUVIR - Artur da Távola



O tema é recorrente. Desconfio que ando falando às paredes...será?
Seja como for, resolvi postar esse texto do Artur da Távola. Homem de imensa cultura e profunda sensibilidade. Seu blog pessoal foi interrompido em Janeiro de 2008 e, infelizmente ele nos deixou em Maio do mesmo ano. Devido a sua extensa produção, não localizei um único site com toda sua obra, então, para quem quiser mais, sugiro uma busca no Google . Há muitas páginas com seus escritos maravilhosos.


"Um dos maiores problemas de comunicação, tanto a de massas como a interpessoal, é o de como o receptor, ou seja, o outro, ouve o que o emissor, ou seja, a pessoa, falou. Raras, raríssimas, são as pessoas que procuram ouvir exatamente o que a outra está dizendo.
Diante desse quadro venho desenvolvendo uma série de observações:
1) Em geral não se ouve o que o outro fala: ouve-se o que ele não está dizendo.
2) Não se ouve o que o outro fala: ouve-se o que se quer ouvir.
3) Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se o que já escutara antes e o que se acostumou a ouvir.
4) Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se o que se imagina que o outro ia falar.
5) Numa discussão, em geral, não se ouve o que o outro fala. Ouve-se quase que só o que se pensa para dizer em seguida.
6) Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se o que se gostaria que o outro dissesse.
7) Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se apenas o que se está sentindo.
8) Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se o que já se pensava a respeito daquilo que o outro está falando.
9) Não se ouve o que o outro está falando. Retira-se da fala dele apenas as partes que tenham a ver consigo.
10) Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se o que confirme ou rejeite o seu próprio pensamento. Ou seja, transforma-se o que o outro está falando em objeto de concordância ou discordância.
11) Não se ouve o que o outro está falando. Ouve-se o que possa se adaptar ao impulso de amor, raiva ou ódio que já sentia por quem está a falar.
12) Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se da fala dele apenas os pontos que possam fazer sentido para as idéias e pontos de vista que no momento nos estejam influenciando ou tocando mais diretamente.
Ouviu?"
Artur da Távola 

postado por Sonia Rocha - Mercuriana